Neste ano, 215 pessoas tentaram suicídio no DF; dados são da Secretaria de Saúde

‘Conversar sobre tema é uma das formas de prevenção’, dizem especialistas. Saiba como.


Suicídio; tristeza; depressão — Foto: Frédéric Cirou/AltoPress/PhotoAlto/AFP/Arquivo

Entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano, 215 pessoas tentaram suicídio no Distrito Federal. Os números da Gerência de Epidemiologia de Campo da Secretaria de Vigilância em Saúde foram divulgados nesta sexta-feira (8).

Em janeiro, foram registradas 117 tentativas de suicídio. Entre 1º e 25 de fevereiro foram 98 ocorrências. A média chega a mais de três casos por dia.

Segundo a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, é preciso chamar a atenção sobre a importância de conversar sobre o assunto.

“Falar sobre a tentativa de suicídio ou a consumação dele parece algo agressivo, que incomoda, e acaba não sendo um assunto abordado nas rodas de conversas sociais e entre familiares. Justo a conversa, tida como uma das principais ferramentas de prevenção”, diz a pasta.

Dados do Ministério da Saúde mostram que entre 2007 e 2016 foram registradas 106.374 ocorrências de suicídio no Brasil. No Distrito Federal, no mesmo período, cerca de 16 mil casos foram notificados.

Como buscar ajuda


Campanha Setembro Amarelo do Centro de Valorização da Vida — Foto: Divulgação/ CVV

A psiquiatra da diretoria de Serviços de Saúde Mental, Fernanda Benquerer explica que a tentativa de suicídio é considerada “uma urgência”. Segundo a médica, a pessoa deve ser levada para os serviços da rede pública como Unidades de Pronto Atendimento (UPA) ou pronto-socorro dos hospitais. Quem presencia uma tentativa também pode acionar o Samu pelo telefone 192, diz ela.

“O Samu é um componente essencial da rede de urgência e emergência, que pode ser acionado para o atendimento nas crises agudas.”

Centro de Valorização da Vida também é uma organização sem fins lucrativos, formada por voluntários treinados em oferecer auxílio por meio da escuta. O atendimento é feito pelo telefone 188, de graça.

Caso de Saúde Pública

Segundo Fernanda Benquerer, não existe uma única motivação que leve uma pessoa a tentar tirar a própria vida. “O suicídio é um fenômeno determinado por uma complexa rede de interação entre fatores de risco, fatores de proteção e fatores desencadeantes. Portanto, não é possível identificar uma causa única”, diz ela.

A psiquiatra explica que uma pessoa pode ter fatores biológicos e genéticos que aumentam a predisposição a transtornos mentais e a comportamentos impulsivos. Fatores psicológicos e traços de personalidade, podem aumentar o risco.

“Também é importante pensar na história de vida da pessoa, na história familiar, nos vínculos sociais. Há, inclusive, questões culturais envolvidas.”


Falsas aparências nas redes sociais podem esconder quadro que pode levar ao suicídio — Foto: Rede Amazônica/Reprodução

Fernanda Benquerer alerta que é preciso ter atenção redobrada com quem já tentou o suicídio. E afirma que os mitos e preconceitos a respeito do tema impedem as pessoas de buscar ajuda ou mesmo falar sobre o assunto.

“Algumas ideias do senso comum a respeito do suicídio podem estigmatizar a pessoa e dificultam a busca por ajuda profissional. Por isso, é importante que a pessoa seja acolhida, ouvida e bem tratada.”

Além de ouvir, permitir que o outro fale sobre a situação que o aflige, é essencial, diz ela. Esse auxílio pode ser obtido dentro da rede pública de saúde.

“Os serviços da rede de saúde mental, que englobam os Centros de Atenção Psicossocial, os ambulatórios e a rede de urgência e emergência têm condições de atender os pacientes de acordo com suas características específicas, a gravidade do caso e as necessidades do paciente”, explica Fernanda.

Por G1 DF – 08/03/2019

Link:  https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2019/03/08/neste-ano-215-pessoas-tentaram-suicidio-no-df-dados-sao-da-secretaria-de-saude.ghtml